Nossa fraternidade com a Vida no Planeta
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Nesse domingo, 10 de abril, há pela manhã uma Caminhada de vários fiéis católicos e pessoas de algumas entidades com a intenção de conscientizar à população sobre as ameaças e o valor da vida no Planeta. Essa Caminhada penitencial, pois tem um cunho religioso, sairá do Santuário São Francisco de Assis com destino à beira do Ribeirão Lageado. Não trata só de ver alguns pontos sobre a ecologia, mas olhar com atenção a realidade atual do Planeta onde vivemos.
Nesse sentido, recordamos que hoje somos mais de seis bilhões de pessoas que convivemos e nos sustentamos a partir do mesmo Planeta! Habitamos a mesma Terra, apesar das variadas divisões de países e povos, das separações dos continentes e das separações geográficas em geral. Temos o mesmo Planeta em comum! E isso hoje talvez se perceba mais que em outros tempos, uma vez que a população cada vez mais se aglomera nas cidades, e, assim, dependem mais uns dos outros e interferem muito uns com os outros. Além das distâncias se encurtarem pelos avanços nos meios de transporte e de comunicação... e das empresas multinacionais que fazem os homens se ligarem pelos laços da compra e venda...
Todavia, muitas vezes os laços que nos unem são frágeis. São laços de interesses e que buscam a própria sobrevivência, ou pior, buscam satisfazer a ganância de alguns às custas do crescimento da pobreza em geral e sugando o quanto possível os recursos do Planeta. Ao contrário, precisaríamos caminhar muito para uma “globalização da solidariedade”. Muitas pessoas têm percebido isso e, por isso, buscam laços mais firmes e profundos, de luta por um mundo mais justo e fraterno.
Igualmente a Igreja Católica a isso percebendo, e diante das crescentes desigualdades sociais e da exploração das pessoas e do meio ambiente, lança há décadas anualmente a Campanha da Fraternidade, que nesse ano coloca os brasileiros a refletirem sobre a Vida no Planeta. Isso por que entre nós também tem se expandido uma forma de ver os bens e até as pessoas como descartáveis, e se amplia um modelo de industrialização e de agronegócio que degradam a vida em geral, aproveitando da mão-de-obra de milhares de pessoas conforme os interesses mais lucrativos, sem respeitar muitas vezes a dignidade humana e sem pagar o necessário à própria sobrevivência dos trabalhadores. Se assim tratam às pessoas, como não tratam os recursos naturais, as matas, os rios, o solo e o ar...
É oportuno trazermos aqui o exemplo do cortador-de-cana que migra para o nosso estado de São Paulo, uma vez que é uma realidade presente em todo o interior paulista. Segundo publicação da Pastoral do Migrante, órgão da Igreja Católica, “a situação pode ser resumida pelas seguintes palavras: em 10 minutos um trabalhador derruba 400 quilos de cana, desfere 131 golpes de podão, faz 138 flexões de coluna, num ciclo médio de 5 segundos cada ação... A carga cardiovascular é alta, acima de 40%, e, em momentos de pico, os batimentos cardíacos chegam a 200 por minuto. A temperatura do cérebro de um cortador de cana, após 13 horas em dias de muito calor pode chegar a 44 graus!” (Vozes do Eito).
Por isso essa Campanha nos clama que “a criação geme em dores” (Rm 8,22), convocando a todos a repensarmos nosso estilo de vida, se desperdiçamos exageradamente os bens e se não deixamos de atentamente auxiliar as pessoas em suas dificuldades. Lembrando que nossas cidades têm muitos cortadores-de-cana que padecem em nosso meio, pelo peso do trabalho e por terem seus direitos desrespeitados. Com esse exemplo trazemos que a nossa realidade já faz um forte apelo por mais justiça e solidariedade, e por maior respeito a toda vida, a humana e a do meio ambiente.
Ouvindo os clamores dos pobres, dos injustiçados e das matas que são devastadas, dos rios poluídos, do clima que aquece e das leis que ficam brandas diante das destruições pelas empresas, somos chamados a não destruir a criação que Deus nos dá, mas usá-la saudavelmente, sem desperdícios de água, de luz, de materiais reaproveitáveis, promovendo a reciclagem, e em nível social, evitando o desmatamento e o uso abusivo de agrotóxicos, favorecer a pequena produção – responsável por 70% dos alimentos de nossas mesas – e se interar que há projetos de leis que podem permitir muito mais devastações, como a proposta que quer mudar o atual Código Florestal em prejuízo ainda maior do meio ambiente.
Fr. Marcelo Toyansk Guimarães
