Crucifixo de São Damião está em nossa Cidade
Nosso crucifixo é um hino à santidade de Deus, expressa na luz e na beleza. Um artista italiano desconhecido o pintou no século XII num pano colado sobre uma madeira de nogueira. Ele possui 2,10m de altura, 1,30m de largura e 12cm de espessura. Provavelmente o Crucifixo permaneceu na Igreja de São Damião até que as irmãs Pobres, em 1257, o levaram consigo à nova Basílica de Santa Clara.
TEOLOGIA DA LUZ
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O grande destaque do Crucifixo de São Damião são os seus enormes olhos. São grandes, brancos, têm linhas pretas e vermelhas acima e abaixo para se destacarem mais.
São olhos de amor, de paz, que se dirigem para todos, mesmo os que estão longe, oferecendo a luz de Deus. |
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O jovem Francisco deve ter ficado extasiado com tanta luz deste Cristo. É Jesus na Cruz, é Jesus na ressurreição e é Jesus na Ascensão. Sempre luminoso.
Porque ele é “a luz que brilhou nas trevas” (Jo 1,9-10)
A luz do Crucificado fez Francisco olhar para si mesmo e perceber que, lá dentro, tudo era escuridão. Sem que se desse conta, a luz de Deus já fizera com que aprendesse a olhar para dentro.
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Então, Francisco orou: “Sumo e soberano Deus, iluminai as trevas do meu coração. Dai-me uma fé reta, esperança certa, caridade perfeita, bom senso e conhecimento, Senhor, para que eu cumpra o vosso santo e verdadeiro mandamento. São Francisco orando diante do Crucifixo de São Damião, na concepção artística de Gioto, na basílica do Santo em Assis.
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No Crucifixo de Francisco e Clara há o mínimo de Sangue: é o que brota das chagas e nos liberta da obsessão de querermos ser deuses.
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É um sangue que se derrama sobre todos, até sobre os Anjos, porque todos precisamos dele, nós que temos uma vida alimentada por seu Corpo e Sangue.
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Chamamos a atenção para o fato de que, no ícone de São Damião, o sangue brota sempre como uma flor, que traz vida para o mundo. É um sangue que já não martiriza o Crucificado; enaltece o Ressuscitado. As chagas dos pés de Jesus derramam o sangue de vida sobre outras pessoas representadas na parte de baixo da cruz. A única ainda identificável é São Pedro, sobre quem Jesus edificou o seu povo novo. |
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A parte mais alta do crucifixo de São Damião foi reservada para localizar o céu. Vemos Jesus glorioso que sai do mundo dos humanos na Ascensão e chega ao mundo da Trindade, representado pelo semi-círculo onde está Deus, simbolizado na mão e no dedo estendido como o Pai e o Espírito Santo.
No Crucifixo de São Damião são apresentados dez santos no céu: cinco de cada lado de Jesus. Dez é um número simbólico representando a totalidade.
Os dez santos representam todas as pessoas que estão no céu. O fato de serem todos parecidos também pode indicar que, na vida eterna, seremos todos irmãos porque Deus será tudo em todos.
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Nesta parte do crucifixo estão representados os Santos da terra, que segundo o evangelho de São João estavam ao pé da Cruz: Nossa Senhora e São João à esquerda, Maria Madalena, Maria mãe de Tiago e o centurião à direita.
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À esquerda, em tamanho bem menor, está o soldado São Longino, que teria dado a lançada em Jesus.
A direita há outra figura pequena, em que alguns vêem um sumo sacerdote, em atitude petulante, provocando Jesus para descer da cruz.
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Nossa Senhora tem o manto branco da luz, um vestido de vermelho escuro, símbolo do amor intenso. A túnica violeta recorda que ela é a Arca da Aliança, que traz o Salvador. De fato, o forro da Arca da Aliança era violeta. Maria indica Jesus como fez
nas bodas de Caná. São João tem lugar de destaque junto a Nossa Senhora, para quem está voltado, como se a ouvisse. Tem um manto rosado do amor e uma veste branca da pureza. Faz o mesmo gesto de indicar Jesus porque foi um dos maiores anunciadores de Jesus, e o nosso Crucifixo está todo fundamentado
na sua teologia. Maria e João estão se aceitando como mãe e filho.
Observe-se que Maria está na extrema direita de Jesus, o lugar de honra. João e Madalena, que estão mais perto de Jesus, estão voltados para o outro lado, porque João fala com Nossa Senhora, e a Madalena fala com Maria mãe de Tiago.
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Maria Madalena tem a cabeça quase encostada com a da outra Maria, porque lhe confia um segredo ou porque comentam a ressurreição, de que foram as primeiras testemunhas.
Maria, mãe de Tiago representa todo o grupo de mulheres que sempre seguiram Jesus e cuidavam dele. Muitas delas estavam ao pé da cruz.
O centurião não tem auréola. Por alguns é interpretado como o centurião que comandou a crucifixão de Jesus e mostra três dedos porque reconheceu a Deus depois da crucifixão. Para outros é o centurião bondoso cujo filho Jesus curou.
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Detalhes: um galinho e uma fogueirinha poderiam estar indicando que a figura abaixo é São Pedro, que negou Jesus junto à fogueira e ouviu o galo cantar. Foi testemunha da ressurreição.
As conchinhas, que cercam todo o ícone, eram símbolos da vida eterna, porque costumam ser bonitas e duráveis. Parece que foram acrescentadas à tábua original.
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Nos dois extremos horizontais da cruz de São Damião, estão duas figuras semelhantes, que se dirigem a Jesus. Há discordância na sua interpretação. Alguns vêem dois anjos, que estariam no túmulo quando Maria Madalena e a outra Maria foram preparar o corpo de Jesus com mirra e foram as primeiras testemunhas da ressurreição.
Outros, como nós, vêem as santas mulheres. Os ícones da ressurreição costumavam representar as “myrrophores”, isto é, as que levavam mirra.
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O Cristo de São Damião não está morto, É o Cristo que, morrendo, venceu a morte. Por isso, não tem coroa de espinhos, derrama o sangue, mas não está todo ensangüentado, tem os pés bem plantados, os cabelos bem arrumados e os braços em posição de oração.
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Na iconografia síria, de onde é originado este crucifixo, a ressurreição era simbolizada por um caixão aberto. Por isso, ele também repousa sobre um fundo negro, mas, todo luz, é vencedor da morte.
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Um sinal da vitória e da ressurreição neste ícone é o pano que reveste Jesus: Sua construção é bem elaborada, com um nó caprichado e debruns de ouro. De fato, os crucifixo mais antigos costumavam representar Jesus com paramentos sacerdotais e até mesmo com vestes régias, usando uma coroa de ouro na cabeça.
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Jesus está dentro de um círculo vermelho. É nosso mundo. Jesus está saindo dele: seus pés, um acima do outro demonstram que está subindo. Como está com a cabeça e a mão direita fora do círculo, está saindo do nosso mundo. Chegando junto aos santos e ao meio-círculo da Trindade, está entrando no mundo do mistério, que ainda temos que descobrir para ir tendo vida plena.
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O encontro com o crucifixo de São Damião foi a maior transformação na vocação inicial de São Francisco. Ele passou a ver a presença do Crucificado em toda parte.Por isso rezava sempre quando
encontrava uma cruz:
“Nós vos adoramos, santíssimo Senhor Jesus Cristo, aqui em todas as vossas igrejas que estão em todo o mundo, e vos bendizemos, porque, pela vossa santa cruz, remistes o mundo”. (1Cel 45)
Traz até hoje a luz de Deus para tantas pessoas!
Essa pequena apresentação quer mostrá-lo e ajudar a descobrir alguns de seus interessantes segredos.
Quer ajudar a receber a sua luz e a sua bênção, para passar adiante.
Texto: Frei José Carlos Corrêa Pedroso, OFMCap
Figuras: Crucifixo de São Damião
Montagem: Irmã Magali Gavazzoni FCM e Frei Cícero Araújo da Silva - OFMCap



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