A visão franciscana da Ecologia
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Jesus Cristo convidou-nos a olhar os lírios do campo e os pássaros do céu (Mt 6,26.28). A natureza convida-nos a olhar e a cantar os atributos e as perfeições divinas. Convida-nos a mergulhar na contemplação por amor a Deus. Florestas e rios, campos e montanhas, aves do céu e todos os animais da terra proclamam não serem deuses, mas criaturas, tiradas do nada por Deus, com o simples ato da Palavra (Gn 1).
Não é fácil para o homem moderno, com mentalidade científico-tecnológica, compreender a relação franciscana com os seres irracionais, mormente com as realidades materiais. Vivemos numa sociedade que nos ensinou a olhar as coisas como simples objeto, à disposição do nosso projeto utilitarista. A atitude franciscana, ao contrário, é de simpatia, admiração, celebração. Francisco rompeu com os esquemas da razão e do cálculo superficial, bem como do gastar e do lucrar. Por isso, uma atitude de puro racionalismo não consegue compreender São Francisco.
Francisco de Assis (1181-1226) soube viver a harmonia cósmica. Viveu de modo singular a utopia da grande fraternidade cósmica, predita pelo profeta Isaías ( Is 11,6-9). Todos os biógrafos ressaltam a relação fraterna de Francisco com todos os seres da criação. Tomás de Celano, seu primeiro biógrafo, assim escreve: “Louvava o Criador em todas as suas obras e sabia atribuir os atos a seu Autor. Exultava em todas as obras das mãos do Senhor e enxergava a razão e a causa vivificante através dos espetáculos que lhe davam prazer. Nas coisas belas reconhecia aquele que é o mais belo, e que todas as coisas boas clamavam: ‘Quem nos fez é ótimo’. Seguia sempre o amado pelos vestígios que deixou nas coisas e fazia de tudo uma escada para chegar ao seu trono” (2 C 165). A partir da sua fé, razão de ser de toda esta visão, celebrava a grande presença de Deus na criação.
O olhar de Francisco sobre as coisas revelava também a sua pobreza. Tudo é obra do Senhor. Tudo é propriedade de Deus. Francisco nunca foi interesseiro e egoísta, nem tão pouco instrumentalizador. Para ele, as coisas deviam ser conservadas ou protegidas não tanto pelo seu valor para o uso, mas sobretudo porque existiam. Estava liberto da cobiça e do desejo de posse e de domínio. Colocava-se no meio das criaturas, não acima delas; cantando ao Senhor através das criaturas.
A Campanha da Fraternidade deste ano com o tema: “Fraternidade e Vida no Planeta”, quer ajudar às comunidades e sociedade a construírem práticas fundamentadas em valores que tenham a vida como referência no relacionamento com o meio ambiente. O texto base à página 93 nos faz esta proposta: “resgatar São Francisco neste contexto de nossas relações com as criaturas da natureza significa valorizar as suas atitudes. Primeiramente, a pobreza, que neste santo significou a não-posse, reverteu-se em redenção para as criaturas, e lhe possibilitou pelo olhar contemplativo alcançar o que eram realmente, a ponto de lhes chamar de irmãs e irmãos. A razão é simples, em última análise este olhar purificado de poder e de lucro, revela que as criaturas são dom de Deus e também portam sinais do Criador”.
A nossa cidade já percorreu um longo caminho na busca por uma conscientização e preservação do meio ambiente. São inúmeras as iniciativas nesta direção. Mas não podemos parar por aí. Há muito que se fazer. Penápolis tem como padroeiro São Francisco de Assis, que é o padroeiro da Ecologia. Precisamos aprender com Ele a ver em primeiro lugar o Criador e não a criação, a contemplar a beleza do mundo e não simplesmente a sua utilidade. Por uma questão de sobrevivência é indispensável preservar o meio ambiente; mas os simpatizantes do carisma franciscano fazem-no ainda por outra razão mais profunda: por respeito ao Criador.
Desejamos que esta Campanha da Fraternidade seja assumida por todos os segmentos de nossa cidade, e que aprendendo com as atitudes de Francisco de Assis possamos cuidar bem do jardim que Deus nos confiou...
Fr. Adalto Antônio
