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A Diferença entre Frei e Padre

Qual a diferença entre Frei e Padre?

Contam as crônicas dos Freis Capuchinhos de São Paulo que numa ocasião, uma senhora piedosa, conversando com um frei de votos perpétuos que estava numa semana vocacional em preparação à ordenação de um confrade, consciente que o seu chamado não era para o sacerdócio, mas para ser irmão, perguntou se ele era padre. O frei, atencioso, respondeu que não. Que era irmão há mais de 20 anos. A senhora, olhando para o Frei com cara de piedade, disse: “Fique triste não, meu filho, um dia você também consegue chegar ao sacerdócio. Não desista, continue estudando que quando for à hora Deus te chamará para ser padre”.
Noutra ocasião, estávamos em missão popular numa cidade do interior de São Paulo, conversando com os jovens na escola sobre vocação. Frei Arcanjo, noviço, estava se apresentando. Falou que era Frei e queria ser padre. Estava presente também Pe. Demétrius, da Diocese de Campinas, que estava ingressando na Ordem dos Capuchinhos, se apresentou dizendo que era padre e queria ser frei. Foi aquela confusão geral. Os jovens não entenderam nada.
Estas crônicas representam muito bem a mentalidade que estar presente no nosso povo. Conversando com uma ou outra pessoa, vez por outra, vem sempre à pergunta: qual a diferença entre padre e frei? Quem estudou mais; Quem é o mais importante, o melhor...
Jogo de palavras: tem frei que é padre e tem frei que não é padre. Tem padre que é frei e tem padre que não é frei.
Navegando na Internet, encontrei uma reflexão do Frei Lourenço M. Papin sobre a diferença entre padre e frei. Gostaria de transcrevê-lo na integra.
 
O Padre e o Frei
 
Assim como a medicina, a advocacia, a política e etc. têm sua linguagem e terminologia próprias, assim também acontece no universo da religião. Muitas vezes as expressões usadas tornam-se intrigantes e até mesmo pitorescas.
Ao longo de minha jornada de padre e de frei, tenho ouvido freqüentemente a pergunta “qual a diferença entre padre e frei?”
Antes de tudo, queremos lembrar que é variado e abrangente o leque do que chamamos vocação: vocação à vida, vocação cristã, vocação sacerdotal, vocação religiosa, vocação matrimonial, como também as vocações às diversas profissões. Detenhamo-nos na vocação religiosa (do padre ou presbítero) e na vocação religiosa (do frei, frade ou “religioso”). Ambas são completas em si mesmas. Quem abraçou as duas é padre e frei, quem abraçou uma das duas, ou é só padre ou é só frei. Exemplo: Padre Gilberto é só padre, frei Chico é padre e frei! Nada de status ou carreira eclesiástica, como veremos logo mais!
 
E quem é o padre? É aquele que recebeu o sacramento da Ordem, em força do qual torna-se o dispensador dos sacramentos, sobretudo da Eucaristia e da Penitência ou Confissão. Ele é chamado de “diocesano” (antigamente “secular”) quando está diretamente ligado ao Bispo de uma Diocese, a quem deve plena obediência. No Ocidente, por lei eclesiástica, ele livremente assume o celibato, renunciando ao matrimônio; no Oriente o celibato é opcional. Além do curso médio de ensino, ele deve cursar pelo menos duas faculdades: Filosofia e Teologia. Ele pode viver sozinho ou com sua mãe, irmã ou irmão, ou pessoa de total confiança sua e da comunidade. Normalmente ele coordena e preside uma Paróquia ou comunidade eclesial.
 
E quem é o frei? É aquele que professa os chamados conselhos evangélicos, ou seja os votos de castidade (equivalente ao celibato), pobreza (não pode possuir nada como próprio, mesmo que viesse a ganhar fortunas) e obediência total a seus superiores religiosos e ao Sumo Pontífice que é o Papa. Deve igualmente cursar Filosofia e Teologia, geralmente com maior rigor. Exceto casos graves de emergência apostólica, ele vive sempre numa comunidade religiosa, ou seja, com outros freis ou confrades seus. Depois de uma refletida experiência de vida religiosa em comunidade, após os votos temporários o frei deve emitir ou não os votos para sempre, até a morte.
Então, como frei ele é livre para ser ou não padre. Uma observação interessante: o celibato do padre diocesano no ocidente poderá um dia tornar-se opcional como no oriente, o mesmo, jamais acontecerá com o voto de castidade do frei, seja no ocidente como no oriente. Trata-se, como se vê, de uma opção de vida cristã, mais radical. É oportuno lembrar que existem também as freiras ou irmãs de vida apostólica ou de clausura (chamadas “religiosas ou consagradas”) que emitem os três votos e vivem em comunidades.
Na terminologia eclesiástica, emprega-se a expressão “leigos” (as) ou laicato para indicar aqueles (as) que não são nem padres, nem frades ou freiras.
Em decorrência do Batismo, porém, indistintamente todos são irmãos e irmãs em Cristo, todos iguais perante Deus. Do Batismo brota o princípio da igualdade entre os cristãos. A alegria e a responsabilidade de todos, consistem em sentir-se queridos e amados por Deus, discípulos e seguidores do Cristo, membros da mesma Igreja. Povo Santo, comprometidos com a causa do evangelho. Em modos diferentes, todos têm a missão de evangelizar pela palavra e a pelo testemunho cristão da própria vida. Todos evangelizam e são evangelizados, sobretudo pelos pobres e humildes. Todos são chamados à santidade, uma vocação universal que se mede pela intensidade do amor a Deus e aos irmãos e não pelo cargo ou ministério que se exerce, assim, uma humilde faxineira, pela sua heróica vivência do amor cristão, pode ser mais santa do que um frei, uma freira, um padre, um bispo e o próprio papa (que também é padre)!
A exiguidade do espaço impedem-nos de falar da rica e plurissecular histórica dos padres e frades, com tantos sábios e santos a serviço do Reino e da humanidade. Quisemos apenas tentar explicar as nuanças entre padre e frei.
Se não o conseguimos, desculpe-nos o amigo leitor!
O importante é juntos construirmos, pelo amor, um mundo melhor e mais cristão.
 
Fonte: Frei Lourenço M. Papin
http://www2.uol.com.br/debate/1084/cadd/cadernod04.htm
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